sábado, 19 de janeiro de 2013

"Vem ni mim Dodge Ram e as Commodities"

O sertanejo do centro-oeste anda cantando que
 "agora eu fiquei doce de Camaro amarelo".

Sempre quis entender aquele mundo que eu via no "Geoatlas" que tanto lia desde a 1ª série... Virando a primeira página, que era um grande planisfério político, vinha outro, agora físico "Ah, então a Terra tem rios, planicies, montanhas, mares e lagos". Logo após, vinham os mapas temáticos "PIB", "Desigualdade social", "Analfabetismo", "IDH" e por ai em diante. E por ai em diante, eu fui gostando mais de conhecer esse lugar que eu chamo de planeta e onde as pessoas vivem. Muitas pessoas.

Depois disso, percebi que o ser humano, assim como qualquer outro ser vivo, precisa de alimento para sobreviver e nisso o homem acabou por juntar-se a outros homens, para que, juntos, ficasse mais fácil arrumar comida e sobreviver. Mas ai uns ficavam com mais comida e outros com menos, uns tinham uma comida que o outro gostava mais e, assim, começavam a trocar e vender. Entender essas relações é entender como o homem vive. O mesmo homem que vive na Terra que eu via no "Geoatlas".

A coisa ia ficando mais complexa: Agora, pra entender o que eu via nas páginas dos mapas era necessário entender também como as pessoas se relacionavam umas com as outras através do tempo, ou seja: economia e história.

E é bem aí que nós chegamos ao Israel Novaes, aquele que "arrebenta" (sic).

No início do século passado, o mestre Adoniran Barbosa cantava que "o pogréssio vem do trabáio, por isso amanhã cedo nós vai trabaiá". Ora, o Brasil dava seus primeiros passos na industrialização e a capital paulistana era a vanguarda do desenvolvimento do novo país que crescia sob um regime populista que valorizava o trabalho e criminalizava a vadiagem. "Não dorme na praça que o Jacaré te abraça". No jogo de bicho o Jacaré é o numero 74, o mesmo artigo 74 do código penal de Vargas que punia quem fosse pego em vadiagem no Brasil.

Hoje vemos que o Brasil avança em direção ao oeste: exportação de produtos agrícolas e minerais são hoje o carro-chefe do país. São as commodities que comandam a pauta de exportação, salvam a balança e ditam as regras do jogo quando se trata da política externa brasileira. Por isso, digam o que quiserem, mas eu pelo menos não vou estranhar se daqui a 50 anos encontrarmos "Vem Ni Mim Dodge Ram" em livros de História, como um documento histórico mesmo, já que fala de um sujeito que ficou rico na região do centro-oeste brasileiro e também pode ser visto como uma crítica ao materialismo da sociedade atual.

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