segunda-feira, 30 de abril de 2012

Pressão

Atualmente eu e a enorme maioria dos meus amigos vivemos um ano de expectativas, de sonhos, de pressões. O vestibular é tudo isso e muito mais! Além da pressão normal por notas na escola, ainda temos aquela "especial" que é "entrar na universidade."

Não vou ser hipócrita ao ponto de dizer "Ui eu sou Budista. Ui eu vivo o Dharma. Não me preocupo pois sei que devo viver o Caminho do Meio e vestibular não é tudo no mundo. Om Mani Padme Hum!"


Eu sinto medo. E raiva. E mais medo.

Medo de não passar, raiva por não existirem muitas vagas em instituições de ensino públicas de qualidade no Brasil, e mais medo de não passar.


Pressão. É isso que eu me sinto.


É tanta presão por estudo e resultados que eu tive que apelar pra Física para tentar entender isso!


Lembram-se que Pressão é Força dividido pela Área?


P = F
     A


Em termos meramente físicos, a Pressão aplicada sobre um ponto é a razão entre a Força aplicada nele e a Área em que essa força foi aplicada. Ou seja, a Pressão é "diretamente proporcional" à Força e "inversamente proporcional" à Área. Blá, blá blá... Isso significa dizer se eu tenho um um corpo que está sob ação de uma Força constante, ele só sofrerá menos Pressão se tiver maior Área.


Na minha vida:


A "Força" no caso são minhas responsabilidades inevitáveis: os deveres e metas que eu devo cumprir (horas de estudo, projetos, exercícios, escolha da carreira...) e a Área é o "quanto de mim" está afim de fazer isso tudo. Na fórmula:


P = Responsabilidades
           Vontade 


O raciocínio é simples: as Responsabilidades são grandes sim. Enormes. Se eu quiser diminuir a Pressão tenho que aumentar a Vontade. (Pra diminuir a Pressão tem que aumentar a Área, lembram?)


Mas por que é tão difícil aumentar a votade? Por que eu não consigo simplesmente dizer a mim mesmo "Amanhã você vai acordar uhul e ir pra escola uhul estudar uhul chegar em casa e uhul estudar ate a hora de dormir pra uhul passar no vestibular!!!"


O problema não é passar no vestibular. Aquilo é uma prova com algumas questões sobe alguns temas. Isso é relativamente simples. (Não disse que é fácil, mas que é um conceito bem simples!).


O problema é o que passar naquele exame significa! Responsabilidades, uma carreira profissional, o Ensino Superior, possivelmente morar sozinho em outra cidade...


Ao sentar-se para responder a um simples caderno de questões, todo esse universo vem à tona e, pronto, anuncia-se o desastre. E digo isso sem mesmo ter passado por esta experiencia, isto é, basendo-me em expectativas e conversas com outras pessoas!


Também conversando com alguns colegas mais velhos, percebi que o "não passar" ainda é pior. Significa que "não sou bom o suficiente para alcançar este mundo com o qual tanto sonho e luto para alcançar". Isso dói. Muito.


Meu Deus! Como diminuir toda essa essa pressão?

P = F , lembram?
      A


Se eu quero diminuir a Pressão e a Força é enorme, só me resta aumentar a Área. Se eu quero diminuir a Pressão com tantas Responsabilidades, só me resta aumentar minha Vontade de assumir isso.


Só me resta aceitar.
 - e isso não é fácil.

Sim, eu estou entrando na vida adulta. Sim, eu vou ter que tomar decisões sozinho. Sim, eu vou ter que me mudar para outra cidade. Sim, se eu não passar terei que buscar uma outra alternativa por mim mesmo (trabalhar, cursinho, virar hippie...). Sim. A vida é assim.


Só nos resta aceitar.

O Tao do Superego

Há alguns dias conversava com um amigo. Falava com ele sobre a aniquilação do ego como princípio budista e ele me veio com o seguinte questionamento:

"Sempre que pratico uma boa-ação, tem uma voz chata na minha mente que diz 'Você só fez isso para que as pessoas te olhem como O BONZINHO', e isso me faz pensar que eu só pratico boas-ações para ser visto por outros e agradar meu eu."

Na mesma hora, lembrei-me de meus esporros psico-analíticos que recebi (e ainda recebo) de minha mãe. Tudo, sim, muito teórico, isto é, nada de "Você não faz nada em casa!" e sim "Larga disso, Édipo, e vai viver sua pulsão de morte longe de mim!"

Tragédias gregas e louças do almoço à parte, voltemos à discussão inicial.

Esse tipo de questionamento é bem comum e, segundo a psicanálise de Freud, tem a ver com o Superego e o Id, duas instâncias do inconsciente. (Não, você não pode perceber quando elas agem!). O Superego é aquele cara na nossa cabeça que está sempre nos dizendo "Você ta todo errado!" ou "Podia ter feito melhor!" - Tipo nossas mães mesmo. MESMO. Em contrapartida, tem aquele cara que diz "Que se f***, vou fazer mesmo, to nem ai, uhul, vidaloka lelesk yeah!". Esse é o Id. 


Em termos gerais, vivemos nessa luta entre o Superego e o Id. Entre a mamãe repressora e o colega que fuma um base na rua de cima. Entre o "Você ta errado" e o "Dane-se IRAIRIAIRAIRI". Entre o "Estuda mais, você nao estudou o suficiente pra prova amanhã!" e o "To nem aí, vou tirar zero mesmo!" Entre o "Você só pratica boas ações e escreve sobre budismo num blog pra parecer O Fodão" e "Quero escrever mesmo, to nem aí pro que os ouros vão pensar, sou O Fodão mesmo!".


Já leram aquele livro "O Médico e o Monstro" (Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde), do R.L. Stevenson?


Depois de ler alguma coisa sobre Tai-Chi e o Taoismo, só fui entender realmente a luta entre os opostos após reler esse clássico.


Sim. Opostos são parte da vida. Há uma filosofia bem antiga na China que se baseia nisso: o Taoísmo.

No Taoísmo, a base de tudo o que existe são os opostos: Yin e Yang - aquela bolinha metade preta, metade branca que seu amigo da academia tem pendurada no pescoço. O quente e o frio, o seco e o molhado, o verão e o inverno, o bem e o mal, o claro e o escuro, a vida e a morte... Os opostos esão em constante luta e fazem de nossa vida um fluxo que, se não aprendermos a lidar, acaba por nos fazer sofrer pois, talvez, o que eu tenho hoje é "o oposto" do que eu queria! O oposto. É aí que entra o Tao, o equilíbrio - aquelas velhinhas que fazem aquela coreografia com leques numa praça na China estão vivendo exatamente isso, elas acreditam que os movimentos Tai-chi-chuan as ajudam a atingir o equilíbrio entre Yin e Yang. Cool isn't?


Retomando nossa questão inicial: o que fazer para superar a batalha entre o Superego que nos condena e o Id que nos impulsiona?


(É claro que nós não podemos forçar nossa mente a fazer a Posição do Dragão ou o Guerreiro Montado no Cavalo como as velhinhas chinesas!)


A resposta é o equilíbrio.


Equilíbrio nesse aspecto é encontrar um ponto entre Superego e Id. E esse ponto não deve satisfazer ao Superego nem ao Id, mas ao Eu. Para Freud Eu é um terceiro carinha. É que ficaentre o Superego e o Id. O nosso Eu deve buscar o equilbrio entre a condenação e a pulsão.


No caso do meu amigo, eu apenas lhe disse: "Cara, quando essa voz chata aparecer na sua mente diz pra ela 'Pelo menos eu to aparecendo fazendo o bem ne?!'"

Embasamento teórico (ou bagunça filosófica)

Há alguns dias meu pai me fez essa pergunta: "No que você acredita?"

(Que fique claro, papai queria saber sobre qual filosofia eu acreditava - e, niilismos à parte, existe um oceano entre acreditar numa filosofia e vivê-la)

Enfim, tudo começou no fim de 2009, quando estava no carro com minha mãe ouvindo um CD com mantras hindus que ela tinha conseguido emprestado com a professora de Yoga. Foi então que ela me propôs fazer aulas de Yoga para melhorar minha concentração e respiração. E foi assim, ouvindo "Om Gam Ganapataye Namaha", que eu iniciei o meu caminho em busca do Sagrado.

Em resumo e ordem cronológica (duvidável): passei pela Hata Yoga, o Movimento Hare Krishna, conheci os Mórmons, tive meu retorno ao Catolicismo, a Cabala, os Testemunhas de Jeová, o Islamismo (em especial o Sufismo e minha "quase-conversão por skype" - lembrem-me de escrever sobre isso mais tarde!), a Wicca, a Umbanda e, agora, o Budismo (em especial o Zen).

Você deve estar pensando "Por que tudo isso?" ou "Ele não tinha mais o que fazer?". Minha resposta é simples: porque eu quis.

Por outro lado, as razões que me levaram a "querer" essa busca, eu não consegui encontrar. Talvez curiosidade, falta do que fazer, ausência de namoradas ou a perigosa mistura dos três.


(Vale lembrar que hiperdosagens de Lacan, Freud, Foucault e Nux Vomica sempre estiveram presentes em meus quse 17 anos de vida - herança louvável de minha mãe psicanalista.)

Contudo, se você quiser encontrar uma análise de alguns aspectos da vida segundo meu questionável conhecimento (sim, acredito que o termo "conhecimento" é questionável - falaremos diso depois) sobre algumas filosofias, sugiro que acompanhe meu blog.

Começando

Como começar a escrever um blog?

Talvez eu devesse expor meus objetivos - gerais e específicos, bem como os planos de aula que eu ajudava meu pai a fazer - ou quem sabe deveria me apresentar - isto é, se eu soubesse quem eu sou - ou, talvez, falar de alguma coisa aleatória - okay, não existe nada de tão aleatório assim...

Isso me desconcerta e é melhor que eu pare por aqui.

(Pois bem, essa foi a melhor forma que eu encontrei de começar esse blog.)