sábado, 19 de janeiro de 2013

"Não há nada como voltar a um lugar que continua idêntico pra perceber o quanto a gente mudou."



 Li isso na parede do apartamento onde minha irmã mora no Rio
 há algum tempo e realmente me marcou.



Encontro-me num caderno que peguei para escrever há alguns anos - nos sentidos de "estar lendo" e de "encontrar a mim mesmo". À época, achava que minha mente estava muito "cheia" e e resolvi escrever para tentar "esvaziar" todo aquele conteúdo de consciência que me deixava confuso.

É engraçado e estranho deparar-me com eu mesmo há algum tempo. Engraçado porque é como se através dos registros eu estivesse conversando comigo mesmo e estranho porque eu pareço outra pessoa. Mas... Hey! Eu sou a mesma pessoa!

Sou a mesma pessoa em qualquer situação? Ou vou mudando com o tempo? Onde está minha identidade? O que faz de mim, eu mesmo?

Sei lá... A vida é como uma música que toca continuamente, como se tivéssemos ligado o modo "repeat". Conforme vamos ouvindo, ouvindo e ouvindo, a forma como nos sentimos em relação a uma parte da musica vai mudando. O mesmo refrão que antes me envolvia num êxtase de alegria, pode me trazer uma tremenda angústia e em outro momento me emociona, me traz melancolia, raiva, calma. Enfim, a música é a mesma, o que muda são as situações, que me fazem ouvi-la de formas tão distintas.

Eu sou como eu me sinto nesse exato momento.

E a música continua tocando...

"Ano novo, mesa de cabeceira nova."


Não, eu não troquei o móvel, mas sim os livros que sobre ele estão!

Antes de mais nada, listo aqui os títulos de 2012:

 "O Símbolo Perdido", Dan Brown
"Mensagem de uma mãe chinesa desconhecida", Xinran
"Física Fundamental", Bonjorno e Clinton
"Tai Chi Cuan: A Alquimia do Movimento" Mestre Wu Jyh Cheng
"Sempre Zen", Monja Coen
"O Cemitério", Stephen King
"O Médico e o Monstro", R.L. Stevenson
"Autobiografia de um Yogue", Paramahansa Yogananda

Eu sinceramente acredito que existem poucas coisas no mundo que dizem mais sobre uma pessoa que os seus livros de cabeceira - inclusive a ausência desses!

Até o meio do ano, consegui cumprir com meus deveres e ser um membro ativo do Capitulo Volta Redonda - Wilton Cunha nº 005 da Ordem DeMolay, e isso explica "O Símbolo Perdido"

O interesse pelo dragão chinês que anda soltando fogo na Europa e nos EUA, aliado a uma amizade com duas adoráveis filhas da "terra do meio" rendeu-me o segundo livro. Emprestado.

A presença de um livro didático é algo mais relacionado ao fato de não entender praticamente nada da matéria de Fisica de eletromagnetismo em diante do que o amor pelo estudo dos fenômenos.

Uma conversa sobre sabedoria oriental num sábado de aleluia em Barra Mansa explica a presença do livro do grande mestre Wu. Emprestado também.

A busca pelo "Caminho do Meio" e conhecer mais sobre o Budismo de uma forma menos didática e mais metafórica, poética levou-me a comprar esse lindo livro da Monja Coen.

Peguei empretado com um amigo, já que tinha curiosidade acerca de um autor muito comentado, Stephen King. Confesso que não passei do terceiro capítulo.

Já se tornou um hábito anual ler "O Médico e o Monstro". Acho que só os Nietzscheanos conseguirão entender a catarse que um geminiano com ascendente em escorpião sente ao ler as páginas que narram o embate entre Dr. Jekyll e Mr. Hyde...

Por fim, talvez o livro que mais tenha mudado minha vida. Uma obra cujas palavras me inspiram e ensinam continuamente. A autobiografia de meu guru continuará certamente na minha cabeceira em 2013!

"Nunca estamos satisfeitos. Isso é um fato."


Quando querem nos vender o iPhone 5
 sendo que há seis meses compramos o 4,
 isso é algo desejável.

Há uma insatisfação generalizada nas relações humanas. Em todas as relações, sejam elas com o namorado, com o trabalho, com a família, com o carro, com o celular e outros objetos que possuímos.

Sempre se quer mais dos outros. A pessoa quer ser mais amados, quer a companheira mais bonita, os amigos mais interessantes, quer a casa melhor, o iPad com novas funções... E assim, querendo sempre mais e mais e mais dos outros, vai se tornando dependente de terceiros. Meio chato depender dos outros pra ficar satisfeito ne?

A alternativa talvez seja, ao invés de buscar a satisfação, buscar o contentamento.

Satisfação envolve prestar contas a alguém, "dar satisfação", estar em dívida com outros. Já o contentamento não, este é apenas o sentimento de prazer, alegria; vem de "conter": ter em si. Não se precisa de algo ou alguém para estar "contente", basta o aqui e o agora.

Que tal querer um pouco mais de si mesmo?


"Vem ni mim Dodge Ram e as Commodities"

O sertanejo do centro-oeste anda cantando que
 "agora eu fiquei doce de Camaro amarelo".

Sempre quis entender aquele mundo que eu via no "Geoatlas" que tanto lia desde a 1ª série... Virando a primeira página, que era um grande planisfério político, vinha outro, agora físico "Ah, então a Terra tem rios, planicies, montanhas, mares e lagos". Logo após, vinham os mapas temáticos "PIB", "Desigualdade social", "Analfabetismo", "IDH" e por ai em diante. E por ai em diante, eu fui gostando mais de conhecer esse lugar que eu chamo de planeta e onde as pessoas vivem. Muitas pessoas.

Depois disso, percebi que o ser humano, assim como qualquer outro ser vivo, precisa de alimento para sobreviver e nisso o homem acabou por juntar-se a outros homens, para que, juntos, ficasse mais fácil arrumar comida e sobreviver. Mas ai uns ficavam com mais comida e outros com menos, uns tinham uma comida que o outro gostava mais e, assim, começavam a trocar e vender. Entender essas relações é entender como o homem vive. O mesmo homem que vive na Terra que eu via no "Geoatlas".

A coisa ia ficando mais complexa: Agora, pra entender o que eu via nas páginas dos mapas era necessário entender também como as pessoas se relacionavam umas com as outras através do tempo, ou seja: economia e história.

E é bem aí que nós chegamos ao Israel Novaes, aquele que "arrebenta" (sic).

No início do século passado, o mestre Adoniran Barbosa cantava que "o pogréssio vem do trabáio, por isso amanhã cedo nós vai trabaiá". Ora, o Brasil dava seus primeiros passos na industrialização e a capital paulistana era a vanguarda do desenvolvimento do novo país que crescia sob um regime populista que valorizava o trabalho e criminalizava a vadiagem. "Não dorme na praça que o Jacaré te abraça". No jogo de bicho o Jacaré é o numero 74, o mesmo artigo 74 do código penal de Vargas que punia quem fosse pego em vadiagem no Brasil.

Hoje vemos que o Brasil avança em direção ao oeste: exportação de produtos agrícolas e minerais são hoje o carro-chefe do país. São as commodities que comandam a pauta de exportação, salvam a balança e ditam as regras do jogo quando se trata da política externa brasileira. Por isso, digam o que quiserem, mas eu pelo menos não vou estranhar se daqui a 50 anos encontrarmos "Vem Ni Mim Dodge Ram" em livros de História, como um documento histórico mesmo, já que fala de um sujeito que ficou rico na região do centro-oeste brasileiro e também pode ser visto como uma crítica ao materialismo da sociedade atual.